PARASITAS

Ainda me lembro de, quando pequeno, visitando algumas fazendas e sítios pequenos, me deparava com aqueles ruminantes pastando.  Era comum, às vezes, deparar com algum desses animais bem magro e debilitado. Muito comum também, observar que, além do aspecto físico debilitado, ainda tinham os couros bem avariados com espaços sem pelagem, além de muitas feridas. Não era uma visão agradável, porém, denunciava a óbvia  falta de cuidados de seus donos.

Quando um parasita como o carrapato ataca um boi o vaca, além do incômodo no animal, esse parasita suga uma pequena porcentagem da energia do animal.  Acontece que se não for tratado, os carrapatos acabam infestando e de tal forma, que cada um sugando um pouco, mas na quantidade acaba por matar aquele ser.  O couro também fica todo dilacerado.

É o que aconteceu, e acontece atualmente com o Brasil.  Centenas, milhares de "carrapatos" infestam todas as áreas possíveis e até as consideradas impossíveis.  Debilitam nosso país na economia, na política e mais ainda em áreas já debilitadas como a educação, segurança, saúde e infraestruturas.
Por mais forte... por mais robusto que seja essa representação, com certeza, irá sucumbir se nada for realmente feito em prol da solução desses problemas.   Junte-se nesse aspecto as famosas patologias oportunistas que aceleram ainda mais essas decadências e pronto.

Patologias em questão são a falta de credibilidade, de esperança, de revolta crescente, de sentimento de enganação, afinal de contas, somos tratados como se fôssemos mesmo todos otários.

No entanto, inacreditavelmente assistimos não qualquer medida de tratamento e sim, uma disputa em quais parasitas merecem os melhores espaços no couro já destruído... no corpo já debilitado, uma verdadeira disputa pelos futuros fluídos cadavéricos.

Eu sei e muitos sabem que essa crise não é tão imensa como muitos querem que seja.  Mas tem um aspecto diferente de todas as outras pelas quais já passamos, aliás, o brasileiro é mestre nisso, em suportar e superar crises, talvez seja esse o nosso destino, vivermos sempre de esperança e ir empurrando tudo com a barriga.  Pensar o contrário disso é ser pessimista, embora pessimismo seja sempre confundido com realismo.  O problema da crise atual, é que, além de estar presente em praticamente todos os setores da vida pública e privada, não tem um aceno de melhora, um plano, uma ideia de como sairmos dela para continuarmos na nossa eterna mediocridade sonhadora.

Muitos já apelam para a tal síndrome do vira-latas, mas o que posso fazer se EU SEI que temos um potencial imenso e sempre temos que estar de um jeito ou de outro mergulhados nessa lama eterna?

Nunca houve vontade política por aqui, a não ser a vontade própria.  Aquela que abraça apenas os próprios interesses, vontades e desejos.  Nem precisaríamos ser solidários, já que vivemos sempre em extremo potencial.

Sempre fomos nacionalistas ou patriotas durante competições esportivas, Copas ou Olimpíadas, mas nunca no dia-a-dia.  Já não tínhamos uma união expressiva antes, ainda mais agora com todos esses divisionismos genialmente aplicados por aqueles que fazem questão de  nos dividir para nos conquistar.

Estamos com febre de 50 graus, estamos em recessão, estamos endividados, e o único aceno que demonstram é que precisamos de mais febre e mais recessão.  Acenam com mais impostos para continuarmos sustentando esses parasitas.  Cheguei até a concordar com a necessidade da volta do velho imposto, mas agora vejo que isso seria apenas uma pequena injeção de sangue no ser que já começa a se deitar para morrer.

Talvez, somente a escassez de tudo mais à frente comece a acordar o cidadão para a triste realidade que se aproxima.  Quando essa recessão se aprofundar a tal ponto que a violência exploda nas ruas de tal forma, que não será mais possível contê-la.

Por enquanto, o "anestésico" ainda surte algum efeito.

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