MINHA ESFINGE

Certa vez, ouvi uma mensagem;  -"O maior de todos os mestres, acaba por matar todos os seus discípulos"!
A humanidade inteira tem se dobrado a esse mestre. Muitos tentaram sobrepujá-lo, mas a insignificância de suas tentativas ficaram somente restritas aos infantis campos da fantasia.

Não há, ao menos até agora, uma forma de dobrar esse mestre. Muitos, nem sequer lhes dão ouvidos ou atenção, já outros, seguem seus ensinamentos, buscam com suas próprias experiências uma forma de conquistar seus conhecimentos, suas habilidades, enfim, receberem seus ensinamentos quase sempre, ainda que de forma incompleta!

Talvez, seja esse mestre que tenha alimentado o mistério da "esfinge" na cidade do Cairo com sua enigmática " Decifra-me ou te devoro"... Nada melhor que um desafio para nos impor uma sensação de que, quem sabe, talvez seja possível... um dia!

Ontem, dia 28 de agosto de 2012, mais um discípulo entre tantos, foi levado pelo mestre. Tive e fui abençoado por poder dispor de tanto tempo ao lado desse discípulo que ao mesmo tempo, foi também em grande parte, o meu mestre. Muito do que sou, muito do que não sou, devo a ele. Porém, como todo perfeccionismo da própria imperfeição, acabei por me orientar da mesma forma, por esse grande mestre que, estou ciente, um dia irá também me levar.

Faz parte de sua natureza ser assim. Na verdade é, a própria natureza!

Todos nós, sem exceção, somos fortes e fracos.  Fortes em alguns aspectos, no entanto, fracos em outros. Nos orgulhamos de nossas forças, mas também nos envergonhamos de nossas fraquezas. Dai a razão pela qual luto tanto para combater o orgulho.  Para consequentemente não alimentar também a vergonha, visto que tanto um como outro, é sempre fundamentado em conceitos e, conceitos são mutáveis.

Meu mestre, que também é discípulo, se foi.  Atravessou a fronteira dessa dimensão para outra que acredito ser mais evoluída. Tinha suas forças e suas fraquezas como qualquer um, embora para mim, essa distinção não faça mais qualquer sentido nesse momento.  Isso ficou muito claro ontem ao entardecer no alto da colina, em meio àquelas montanhas de uma pequena cidade interiorana.

Poucas horas antes, eu já me encontrava ao seu lado no leito, onde pude ainda me despedir e lhe transmitir palavras que nunca havia pronunciado antes. Acho que tínhamos que nos despedir.  Aqueles poucos minutos no quarto de um hospital foram de uma importância imensa. Ocorreram verdadeiras libertações naqueles poucos instantes. Finalmente as últimas bagagens ainda abertas, foram seladas naquele precioso momento.

Não...

O poderoso "Mestre Tempo", não levou meu pai. Não levou mais um discípulo, muito menos subtraiu sua essência. Ele apenas deixou mais uma lição, um ensinamento. Levou consigo apenas uma forma de manifestação, de expressão,  jamais a sua essência!

De alguma forma, quando finalmente entendermos esse processo, talvez então, tenhamos condições de superar o Mestre e deixar de ser apenas seus discípulos.

Mas por hora, ainda teremos que continuar a aceitar o desafio da esfinge. Teremos que nos alternar, ora como mestres, ora como discípulos, buscando fazer o melhor, mesmo que dentro do pior, enxergar a perfeição dentro da imperfeição, enfim, não apenas ver, ou ouvir, mas precisamente sentir...

...pois todo ensinamento converge obrigatoriamente para aquilo que sentimos de verdade.

Obrigado Narciso...!

Obrigado meu pai!


...e fique em paz...







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