TRIDIMENSIONALIDADES

Tempos difíceis que vivemos!  Um momento único na história política brasileira desnudada por tantos escândalos, crimes, e traições para todos os gostos e desgostos.

Mas uma coisa que ainda persiste em me chamar a atenção, é justamente a passionalidade de muitos que parecem adorarem serem literalmente tocados, não conduzidos, serem amestrados, não adestrados, serem corrompidos, jamais convencidos.  Parece que adquiriram uma espécie de visão monofocal, ou pensamento monodimensional.  Se deliciam apenas tendo conhecimento de largura ou comprimento, nem imaginando que possa existir algo como a altura.  Abandonam a tridimensionalidade natural, enquanto chafurdam alegremente na mais rasa das dimensões.

Isso é facilmente verificável tanto no jornalismo, quanto nas opiniões de suas vítimas, ou melhor dizendo, leitores.  Não existe lógica, razão ou coerência, mas apenas aquilo que se quer escrever, mostrar ou dizer, e por outro lado o que se quer ler, ver, ou ouvir.

Assim sendo, os brasileiros que militam alguma ideologia, ficam impermeáveis a novas idéias, novos conceitos que não sejam originários de fontes às quais se submetem de joelhos tal qual um grande deus ou grandes deuses.

O exemplo claro é que, se você não concorda com um petista, então você é psdebista, e vice versa.
Tem que se seguir, obrigatoriamente, o conceito de que  "o inimigo do meu inimigo é meu amigo e sua variante ... amigo de meu inimigo é meu inimigo" e pronto.

A grande maioria de nosso povo se acostumou à essas paixões, desde o futebol, até as novelas, mas levar isso também para a política não faz sentido.

Sempre foi público e notório que essas aberrações, em sua maior parte,   vieram de ideologias de esquerda, até pelo apelo de defesa dos mais pobres e a desculpa da famosa redistribuição de riquezas.  Da igualdade entre todos, enfim, o apoio justo, correto, é mais do que desejável  , sem , no entanto, conseguir funcionar em quaisquer lugares onde foi implantado sem que, para isso, incontáveis indesejáveis fossem obrigados a "sumir".

Passionalidades também ocorrem em regimes de direita, embora com muito menos intensidade e mortalidade.

É inacreditável, mas já estão culpando o atual governo, aquele que assumiu, de estar causando a atual crise.  Um governo que, para mim, tem tanta importância quanto qualquer outro, embora eu seja também considerado um golpista por ter defendido a saída de Dilma.

A visão dos petistas, visão essa monodimensional, não consegue enxergar que, numa visão multidimensional,  nem todos apoiam o atual presidente, embora, até agora não tenha feito sequer algo que pudesse ser julgado.  Dilma caiu porque o Brasil não iria mais suportar dois anos com ela seguindo no mesmo rumo.  O exemplo mais claro é o que tem ocorrido com nossa vizinha Venezuela.
Não, o Brasil não chegaria a tanto, mas estaríamos bem próximos disso.

12 milhões de desempregados...doze milhões.  !!!...  Recessão e inflação juntas como raramente se viu.  Descrédito abrangente.  Desencanto com representantes que respondem esse desencanto provocando o mais profundo nojo.  Comportam-´se como aquele indivíduo no filme Titanic que pulou dentro de um bote salva vidas destinado apenas às mulheres e crianças enquanto se escondia cabisbaixo sendo acompanhado pelo olhar perfeitamente decifrável do marinheiro que baixava o bote.

Esse é o olhar do brasileiro imune à paixões agora.

Um misto de revolta e esperança que ainda impede atitudes intempestivas.

Ao se diminuir a miséria ao custo de aumentar a ignorância, só produzimos isso que estamos presenciando agora.

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