BREVE REFLEXÃO

Uns dias atrás, recebi um telefonema de minha filha.  Notei que a voz dela estava estranha, ela chorava e isso me fez estalar o ânimo.  Ela havia sido assaltada.  Isso é uma experiência muito comum, eu mesmo já fiquei uma vez sob mira de uma arma sendo chacoalhada insistentemente no meu rosto. Posso dizer que é uma experiência bem traumatizante. Me lembro que até fiz besteira como movimentos bruscos, enfim, não há como estarmos preparados porque, nessas horas, tudo é muito confuso.
Minha filha não sofreu ameaça com arma, mas foi interpelada e o assaltante queria a bolsa dela.  Começou puxando-a e minha filha reagiu tentando impedir. Foi quando o rapaz ameaçou agredi-la fisicamente. Só então ela largou e deixou ele ir.
Agora, com mais calma, eu vejo que o tal rapaz deve ser um desses viciados que precisava saciar o vício logo pela manha e encontrou uma ótima oportunidade naquele lugar.

Eu vejo constantemente o ódio que as pessoas expressam quanto aos bandidos comuns. Todos, sem exceção querem que eles morram, que vão para o inferno, enfim.  Mas há de se ter alguma reflexão a respeito.  Muitas vezes, nem todos são marginais.  Existem necessidades que podem ser aparentemente impossíveis de serem transpostas por algumas pessoas.  Muitas delas acreditam que não poderão superar uma dificuldade, são fracas. Não há como não reconhecer isso.  Somos fortes em algumas coisas e fracos em outras, não existem pessoas perfeitas.  A própria necessidade de condenar um possível criminoso já demonstra que temos falhas a verificar.

Não fiquei indiferente a isso.  Quando ela me disse sobre a ameaça física dele, eu também me exaltei.  Não há como manter a serenidade nessas horas. Para mim, minhas filhas continuam a serem as mesmas meninas indefesas e que sempre podem precisar de amparo do pai.

Hoje, passados alguns dias, já me permito refletir um pouco mais.  E nessa reflexão eu busco perdoar o jovem rapaz.  Não acredito que seja um bandido.  Fora o susto, minha menina só perdeu o celular, documentos, entre outras coisas de bolsa.  Mas e ele?  Ganhou ou perdeu?  Será que essa pequena vitória temporária não seja uma forma de incentivar outras investidas no futuro?  Não estamos ainda numa situação econômica no País a tal ponto para se justificar essa necessidade, embora, alguns possam já estar se preparando para tal.

Também não defendo o banditismo, principalmente aquele de forma cruel e sanguinária.  Desses eu não costumo ter pena.  Só desejo que sejam pegos e recebam a punição adequada, e consigam superar e melhorar depois as suas vidas.

Mas existem outros criminosos mais nocivos ainda do que esses.  São aqueles que, detém o poder de minimizar tudo isso, mas fazem questão de desviar os recursos para esses fins, direto aos seus bolsos.

Se existem penalidades fortíssimas a serem aplicadas, devem, com certeza, serem aplicadas a estes, os verdadeiros fomentadores de toda essa violência.

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